Etapa 1: Escolha do local de perfuração

A escolha do local da perfuração deve ser feita inicialmente pelo cliente e em seguida discutida e verificada com um profissional qualificado. Esta fase tem o objetivo de selecionar o local que maximize a qualidade da água assim como a probabilidade de encontrar água. Nesta fase pode ser realizada sondagem geofísica. Não caia no conto da varinha, isto não existe!

Etapa 2: Elaboração do projeto construtivo do poço

Deve ser realizada por profissional habilitado considerando principalmente a geologia do local, a vazão necessária ou esperada, a qualidade física, química e bacteriológica da água. O projeto deve conter informações sobre a geologia local, os tipos de rocha, os diâmetros e profundidades de cada fase, especificação de materiais, revestimentos, cimentação, filtros, teste de bombeamento, laje de proteção e desinfecção.

Etapa 3: Fechamento de um contrato entre cliente e empresa de perfuração idônea

Esta parte visa proteger juridicamente o cliente e a empresa de perfuração. O contrato deve descrever principalmente os custos de cada fase do projeto construtivo, as formas de pagamento, assim como os prazos para execução dos serviços, garantias construtivas equipamentos utilizados.

Etapa 4: Obtenção da autorização para a perfuração do poço

Na região sudeste deve-se obter a autorização para perfuração, sendo que a petição deste documento devera estar especificada em contrato. Para a obtenção desta licença são necessários os dados cadastrais do cliente, local georreferenciado da cabeça do poço em mapa topográfico, estudo de avaliação hidrogeológica, projeto de poço seguindo as diretrizes das normas técnicas ABNT, geologia e hidrogeologia local, informações de poços da região, cópia da ART do responsável técnico pelo projeto e comprovante de pagamento de emolumentos. A petição será então avaliada por técnicos do órgão gestor, e se considerada viável, será aprovada e publicada no Diário Oficial do Estado.

Etapa 5: Execução da perfuração e completação do poço

O cliente deverá fiscalizar a obra e exigir informações técnicas. A construção deve ser executada dentro das normas técnicas da ABNT, por empresa registrada no CREA, que possua responsável técnico e de preferência credenciada à ABAS. Estas precauções visam a assegurar a realização de um serviço dentro das normas, que será fiscalizado pelas entidades competentes e gozará de todas as garantias construtivas.

Etapa 6: Teste de vazão

Após a completação do poço deverá ser feito o teste de vazão que, de acordo com a norma NBR 12.244, poderá ser do tipo contínuo ou escalonado.

O teste de vazão contínuo é indicado quando a vazão máxima for inferior a 20.000 l/h e deverá ter duração de 24 h. Para poços com vazões inferiores a 5.000 l/h a duração do teste poderá ser de 12 h, desde que o nível dinâmico do poço se estabilize por pelo menos 6 h.

O teste escalonado deverá ser realizado em poços com vazões superiores a 20.000 l/h, sendo este dividido em três etapas de bombeamento, 30%, 60% e 100% da vazão máxima de explotação. Cada etapa deverá ter duração tal que permita a estabilização do nível dinâmico durante as últimas 6 h. A passagem de uma etapa para outra, deverá ser executada automaticamente por estrangulamento do registro, sem que o bombeamento seja interrompido. O teste escalonado deverá ser feito com a utilização de bomba submersa.

O teste de recuperação faz parte do procedimento de teste de produção e deve-se medir a recuperação do nível estático do poço tanto no bombeamento contínuo quanto no escalonado.

Etapa 7: Análise da qualidade da água

Durante o teste de vazão deverá ser coletada a amostra de água para análise. Normalmente a qualidade da água aumenta com o aumento da profundidade do poço. Dentre as diversas aplicações dos poços artesianos, considera-se o consumo humano a de maior importância. Neste caso, a Portaria 518/04 do Ministério da Saúde estipula padrões físicos, químicos e bacteriológicos para o uso da água.

Parâmetros físicos e químicos Parâmetros Unidades Valor máximo (VPM)
Aspecto Límpido
Odor Não detectável
Cor UH Até 15,0
Turbidez NTU Até 5,0
pH 6 – 9,5
Sólidos totais dissolvidos mg/l Até 1.000
Alcalinidade de hidróxidos mg CaCO3 /l 0,0
Alcalinidade de carbonatos mg CaCO3 /l Até 125
Alcalinidade de bicarbonatos mg CaCO3 /l Até 250
Dureza de carbonatos e não-carbonatos mg CaCO3 /l Até 500
Oxigênio mg O2 /l Até 3,5
Nitrogênio amoniacal mg NH3 /l Até 1,5
Nitrito mg N /l Até 1,0
Nitrato mg N /l Até 10,0
Ferro mg Fe /l Até 0,3
Cloretos mg Cl /l Até 250
Flúor mg F /l Até 1,5
Manganês mg Mn /l Até 0,1
Gás carbônico mg CO2 /l
Cloro residual livre mg l /l Até 2,5
Sílica mg SiO2 /l
Condutividade µS/cm a 25°C
Sultatos mg SO4 /l Até 250
Parâmetros microbiológicos Bactérias do grupo coliforme UFC / 100 ml Ausência
Bactérias do grupo coliforme fecal UFC / 100 ml Ausência
Bactérias heterotróficas UFC / ml 500

NTA 60 para água potável apud Paulo Skaf (FIESP) 2005.

Etapa 8: Elaboração do relatório final

A empresa executora deverá fornecer o relatório final do poço, devendo conter uma descrição detalhada dos seguintes itens: perfil construtivo do poço, teste de vazão, geologia local e análise da qualidade da água.

Etapa 9: Obtenção de outorga para uso de recurso hídrico

Em posse do relatório final emitido pela empresa de perfuração, o cliente deverá solicitar a outorga de uso do recurso junto ao órgão estadual gestor das águas (IGAM, INEA ou DAEE), que analisará o pedido, e em caso favorável, publicará a licença no Diário Oficial do Estado. O poço fica então liberado para sua utilização, respeitando-se o volume, tempo de bombeamento e destino da água apresentados no processo.